susto na ufsm

Polícia já identificou substância que causou intoxicação de trabalhadores em prédio evacuado

Gabriela Perufo

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para apurar o que aconteceu no prédio da antiga Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) na manhã desta quinta-feira, na Rua Floriano Peixoto, no centro da cidade. Os funcionários da Sulclean, empresa terceirizada que presta serviços no prédio, passaram mal após inalar um produto usado na dedetização do prédio, que teve de ser evacuado e interditado. A substância já foi identificada pela PF. De acordo com as embalagens, trata-se de Cipermetrina. 

Além da Polícia Federal, a UFSM e a Vigilância em Saúde também devem investigar o que aconteceu e se houve falhas no serviço realizado. 

INQUÉRITO POLICIAL 

De acordo com o delegado Getúlio Jorge de Vargas, da PF, já foi instaurado um inquérito para investigar o caso. Um pulverizador com produto e embalagens do produto Cipermetrina foram apreendidos. Uma caixa com esse material foi retirada do local, ainda pela manhã, pelos bombeiros que ajudaram no atendimento e entregue à PF. Agora, o material foi encaminhado para perícia. Além disso, a perícia examinou o local onde o produto foi aplicado. 

- Primeiro, precisamos identificar o produto, se ele é regularizado e o procedimento como foi usado, e isso será com a análise da perícia. Depois, vamos investigar em que circunstâncias tudo aconteceu, se houve algum tipo de falha de ou de negligência - comenta o delegado. 

NA UFSM 

O reitor da UFSM, Paulo Afonso Burmann, afirma que a instituição também deve apurar o que aconteceu. A Comissão Permanente de Sindicância e Inquérito (Coopsia) deve apurar os fatos e, então, decidir se abrirá uma sindicância ou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Conforme o reitor, "a responsabilidade será apurada. Se for da universidade, da empresa, de ambas, isso será informado com a devida clareza e no devido tempo". Burmann garante que alunos, professores e técnicos sabiam que a parte do prédio onde funciona o curso de Odontologia estaria fechada nesta quinta-feira.

Funcionários com risco de intoxicação seguem em observação

Jonas Carniel de Macedo, que trabalha na coordenação de serviços gerais, explica que normalmente os processos de dedetização são solicitados ao setor responsável e, então, a empresa responsável pelo serviço é contatada. Nesse caso, o pedido teria sido feito pelo curso de Odontologia à prestadora de serviços: 

- Recebi a informação de que existe um memorando pelo Departamento de Odontologia solicitando o serviço para a Sulclean. Não tenho a cópia desse documento. Isso pode acontecer, mas a empresa que realiza o serviço deve avisar que o prédio ficará fechado e que o serviço vai ser feito, afinal, os produtos precisam de 24 horas para agir. 

Questionado sobre isso, Burman respondeu: 

- A rigor, o pedido deve partir da subunidade para Pró-Reitoria de Infraestrutura, que solicita o serviço à empresa que é contratada para isso. Esse atalho vem sendo adotado há muito tempo, indevidamente. Agora, vamos fazer verificação e estamos abrindo o procedimento administrativo para verificação a situação. Está aberta a investigação preliminar para que a gente possa se pronunciar em cima de coisas concretas - diz o reitor. 

Enquanto isso, o prédio fica interditado. De acordo com a determinação da Vigilância em Saúde, por 24 horas e deve ser liberado por volta das 11h desta sexta-feira. 

VIGILÂNCIA 

A Vigilância em Saúde do município vai analisar, por meio de entrevista a funcionários que atuaram na dedetização e na análise de rótulos, o quanto o produto pode ou não ser tóxico, mas isso pode depender da concentração em que ele foi usado. O coordenador da Vigilância, Alexandre Streb, explica que a equipe acompanha a situação dos 10 pacientes que seguem no hospital (Husm e P.A) para avaliar os sintomas e a gravidade dos casos. O sintoma mais comum, conforme Streb, foi de inchaço no sistema respiratório que, segundo ele, foi detectado em seis dos 10 pacientes envolvidos no caso.

O engenheiro de Segurança do Trabalho, Rosito Zepenfeld Borges, explica que algumas formulações da Cipermetrina podem ser utilizadas para dedetizações desde que sejam cumpridos todos critérios de segurança alertados pelo fabricante e observar a Ficha de Informações de Segurança sobre Produtos Químicos (FISPQ). A exposição ao produto, pode, segundo a FISPQ, provocar alguns sintomas como cefaleia intensa, perda de apetite, fadiga, tonturas, perda de consciência, cãibras musculares e convulsões. Ele explica que a área onde o produto é aplicado deve ficar desocupada, por 24 horas após a aplicação, no mínimo. 

 A EMPRESA

A SulClean, por meio de nota, disse que está prestando apoio aos colaboradores envolvidos e que, por meio de procedimento interno, vai apurar o que aconteceu. Veja a nota na íntegra: 

"Em relação aos acontecimentos ocorridos na manhã de hoje nas instalações da UFSM - Prédio da Antiga Reitoria, a Sulclean Serviços Ltda. informa que está prestando todo o apoio aos colaboradores envolvidos, os quais passam bem e não tiveram qualquer risco à sua saúde. Está também colaborando ativamente com todos os órgãos de fiscalização e controle, de forma a esclarecer o que ocorreu. 

A empresa já instaurou um procedimento interno para verificação dos fatos.

Informamos que a empresa possui todas as licenças necessárias para a atividade, e que seus colaboradores possuem os treinamentos e equipamentos de proteção individual exigidos para a realização dos serviços.  

Reforçamos, por fim, nosso compromisso com a qualidade dos serviços que prestamos, com especial atenção à segurança de nossos colaboradores e da sociedade em geral, como viemos fazendo ao longo dos mais de 25 anos de atuação."

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